
A Granja Orsolin iniciou suas atividades em 1959, fruto do sonho do jovem casal Deolino (in memoriam) e Domingas Orsolin, na cidade de Palmitos - SC. Ambos migraram de Anta Gorda – RS para o oeste de Santa Catarina em busca de novas terras, e ali construíram a família e a história, no início cultivando milho e feijão.
Com o passar dos anos a família de 8 filhos foi desmembrando e, cada um que casou, recebeu seu pedaço de terra para constituir uma família. Em 1989 o último filho do casal, Deocir, recebeu a sua parte de 15 hectares, e após anos de trabalho com sua esposa Marli compraram algumas terras dos arredores. Hoje a propriedade possui 67 hectares de área total.
Em 2016 houve mais um passo em direção a sucessão da propriedade, quando Jhonatan, filho de Deocir, decidiu, com o apoio do pai e consentimento de seu irmão Jhon Leno, retornar de Minas Gerais e ampliar a atividade de bovinos de leite, que desde os anos 90 tem importância econômica na Granja.
As 3 gerações da propriedade são bastante distintas entre si, algo que a quantidade e qualidade de ferramentas de trabalho, nível de informações técnicas e facilidade de acesso a estas informações explica:
A primeira geração, chegou ao local com a cultura Italiana, desbravou as florestas, abriu pedaços de lavoura, não existia energia elétrica, a agricultura era com foco na subsistência. Essa geração cultivou nos lugares mais declivosos e que tinham maior fertilidade natural, pois não tinham acesso a corretivos. A mão de obra abundante era um fator determinante para a produção na propriedade, ainda com pouco acesso a ferramentas tecnológicas como o trator, que chegou na propriedade em 1985.
A segunda geração tinha menos pessoas para a mão-de-obra, mas com mais acesso a ferramentas de trabalho, dando continuidade ao processo já iniciado. Foi a que mais desbravou as terras, abriu lavouras, corrigiu áreas onde antes não se produzia por causa da acidez do solo, edificou aviários, comprou terras, maquinários e evoluiu na produção de leite, se antes a produção era de 20 Litros de leite/dia, passou para 400 litros de leite/dia. A assistência técnica foi determinante para o sucesso nesta época, pois ainda não se tinha a disponibilidade de tempo, dinheiro e incentivo dos pais para estudar, conhecer outras realidades e pensar em fazer uma mudança radical no formato de produção.
Hoje, na transição entre segunda e terceira geração, e seguindo uma lógica de futuro, a formação profissional se tornou um fator determinante para o sucesso nas atividades, onde as ações se tornam cada vez mais planejadas e o gerenciamento se torna cada vez mais imprescindível. Nesta geração, mudou-se o foco que antes era em ampliar a área terras para a ideia de aproveitar melhor aquilo que tem, procurando aumentar a produtividade para alcançar a maior lucratividade e sustentabilidade do negócio.
A Granja Orsolin produziu aves de corte por 32 anos, recentemente foram fechados os dois aviários para dar foco na atividade leiteira. Hoje produz peixes, em um total de 10000 kg de tilápia por ano. Conta com 23 hectares de terra para produção de silagens na safra e soja na safrinha, possui com um plantel de bovinos de 210 cabeças entre gado nelore para corte e gado holandês para leite. Em 2017 passou a produção de leite do sistema em pastagens para o sistema confinado em compost-barn. A mão de obra é essencialmente familiar, mas também conta com um casal de funcionários.

“ - Eu saí de casa com 13 anos para cursar o ensino técnico em agropecuária, rumando de Palmitos (extremo oeste de SC) para Camboriú (litoral catarinense) pensando em ter uma base de estudos para administrar a propriedade, mas ao me formar, vi que eu ainda tinha muito a conhecer e estudar para ter a experiência necessária para administrar uma propriedade. Em um dos meus estágios extracurriculares no curso de agronomia, acompanhei o dia-a-dia de uma propriedade referência na produção de leite em Santa Catarina, foi quando fortaleci o sonho da sucessão familiar. Porém, mesmo com esse sonho eu quis conhecer um pouco melhor a produção agrícola no Brasil e segui para o ramo de produção de sementes de milho, trabalhando em uma multinacional neste ramo, até que meu pai, tendo dificuldades em conseguir mão-de-obra, pensou em vender as vacas leiteiras e investir apenas em gado nelore. Foi então que eu e minha noiva Simone voltamos para casa para dar continuidade e ampliar a atividade leiteira.” Comenta o Técnico agrícola e Engº Agrônomo Jhonatan Orsolin.”
O grande salto para a sucessão familiar foi o investimento feito em melhoria no bem-estar das vacas de leite, o que alavancou a produção diária de 400 litros com média de 11 litros/vaca/dia para 2500 litros de produção diária com média maior do que 35 litros/vaca/dia em menos de 3 anos, tornando a atividade de leite o carro chefe da propriedade.
Hoje o Plantel leiteiro soma 136 animais animais holandeses, sendo 70 vacas lactantes, 7 vacas secas, 45 novilhas entre 6 meses e pré-parto e 14 bezerras entre 0 e 6 meses. São feitas duas ordenhas diárias.
“ - Quando decidimos mudar o foco da produção leiteira, conversamos com várias empresas, sendo que a DSM / TORTUGA foi a que nos trouxe maior confiança nos resultados mostrados, pois tinha em sua caderneta de clientes vários produtores que conheci pessoalmente, foi ali que se iniciou a parceria, desde então as mudanças de dieta das vacas são debatidas e analisadas juntamente com a equipe técnica da empresa, com embasamento em análises bromatológicas. Isso tudo em conjunto com outras medidas quase triplicou a nossa produtividade por animal.” Afirma Jhonatan que hoje é administrador da propriedade.”
O cooperativismo é um fator influenciador para a sucessão familiar nas propriedades da região. Parceira da DSM há décadas, a Cooperativa A1, juntamente com sua equipe técnica, oferece aos seus produtores a assistência e ferramentas necessárias para uma boa gestão. Dentre estas ferramentas, são usados na propriedade um software de gestão, por onde se gerencia os dados zootécnicos e através do Programa Escola A1 do Leite da Cooperativa A1 (que Jhonatan e Simone participam ativamente) são gerados os indicadores econômicos que são avaliados para tomada de decisões.

Os desafios da sucessão familiar são muitos, dentre eles talvez o maior, mas que não pode se tornar empecilho é o conflito de ideias entre gerações. Normalmente a geração que antecede é mais conservadora e a que sucede é mais aventureira.
“ - Quando houve a possibilidade de meu filho administrar a propriedade, dei a ele a oportunidade de fazê-la por alguns meses, para ver se ele se acostumaria com a rotina árdua de acordar as 4 da manhã, trabalhar de sol a sol e fazer os primeiros negócios por conta própria, mas desde o princípio falei a ele que não poderia confundir oportunidade com liberdade de fazer tudo o que quiser sem dar satisfação, com isso todas as ideias são debatidas, estudadas e após isso são executadas. Talvez esse seja o ponto-chave da sucessão familiar de sucesso. Algo parecido também aconteceu entre meu pai e eu”, Afirma Deocir, que hoje já participa das atividades da propriedade de forma mais moderada do que há alguns anos atrás.