O avanço da Helicoverpa armígera,a lagarta apelidada pelos produtores de "Come-Tudo", que vemdestruindo plantações inteiras de culturas importantes como soja, milho,algodão e feijão, de norte a sul do País, preocupa. O Manejo Integrado dePragas (MIP) tem sido a recomendação da Caravana Embrapa de Alerta às AmeaçasFitossanitárias, para enfrentar a praga.
Criado pela Embrapa no início dadécada de 1980, o Manejo Integrado de Pragas é ancorado no controle biológico,cultural e químico. Este, só deve ser utilizado em último caso. E para bater defrente com a lagarta, cinco passos de uma tática descrita pelo entomologistaPaulo Henrique Soares da Silva, pesquisador da Embrapa Meio-Norte(Teresina/PI), ajudam no combate efetivo da praga. Vejamos:
* Estabelecer um calendário de plantioque deve ser em um menor espaço de tempo possível para que o ciclo das culturasseja finalizado no mesmo período, evitando, assim, uma maior oferta de alimentoà praga;
* Iniciar o monitoramento, logoapós o plantio das culturas, dos adultos de Helicoverpa armígera com armadilhasde feromônio, para atraí-las. O monitoramento dos adultos deve ser feito detrês em três dias;
* Fazer liberação inundativa como parasitóide de ovos Trichogrmma pretiosum após a constatação de três adultosde Helicoverpa armigera por armadilha de feromônio. "Trichogrmma pretiosumé uma pequena vespa da ordem Hymenoptera que parasita ovos de várias espéciesde Lepidoptera, inclusive Helicoverpa armigera. O parasitismo dos ovos da pragaé importante porque impossibilita a eclosão das lagartas, que é a fase doinseto que causa danos às culturas;
* Após a liberação dosparasitóides, o monitoramento continua a ser feito uma vez por semana, edependendo do nível da população da praga na cultura, toma-se a decisão daaplicação ou não de um inseticida químico ou biológico. Cada cultura tem seupróprio nível de ação. Em soja, por exemplo, é de 7,5 lagartas por metroquadrado quando a cultura está na fase vegetativa e de 1 a 2 lagartas por metroquadrado na fase reprodutiva;
* Após a colheita, todo resto dacultura deve ser eliminado através da aplicação de herbicidas, ou aração dosolo, dependendo da forma de cultivo adotado pelo agricultor. Essa operaçãovisa quebrar o ciclo da praga pela retirada total do alimento até o início dapróxima safra. Esse período é denominado de Vazio Sanitário.
A mais nova dor de cabeça dosprodutores rurais do País, principalmente da região dos cerrados, a Helicoverpaarmígera, é uma praga exótica que chegou ao Brasil recentemente. Os primeirosregistros da "Come-Tudo" nas lavouras brasileiras foram nos meses dejaneiro e fevereiro de 2013, em Goiás, na cultura da soja; na Bahia, emrestolho de soja; e Mato Grosso, na cultura do algodoeiro.
Em julho do ano passado foiconfirmada a presença da lagarta em plantios nos Cerrados do Piauí, devorandoas culturas de soja, algodão e feijão-caupi, segundo a Agência de DefesaAgropecuária do Piauí (Adapi). De acordo com registros do Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) ela já chegou em mais dez Estados,com destaque em Mato Groso do Sul, São Paulo e Paraná.
A Helicoverpa armígera édiferente de tudo que já apareceu pelo Brasil em termos de praga naagricultura. Os adultos, por exemplo, são mariposas de hábito noturno Elaspossuem coloração cinza esverdeada nos machos, enquanto que nas fêmeas, é delaranja amarronzada com envergadura aproximada de 35 e 41 milímetros, respectivamentepara machos e fêmeas.
Segundo Paulo Henrique Soares daSilva, após o acasalamento, uma fêmea pode ovipositar cerca de 800 ovos quepassam cerca de três dias em incubação. "Ao eclodirem as lagartas, fase emque o inseto causa prejuízo, passam a alimentar-se preferencialmente dos órgãosreprodutivos das planta hospedeiras ou de suas folhas", explica.
Quando elas estão totalmentedesenvolvidas, as lagartas medem aproximadamente 32,50 milímetros decomprimento passando por seis estágios larvais em 17 dias. A coloração évariada, podendo apresentar listras longitudinais marrons e amarelasesverdeadas.
Todos os continentes járegistraram a presença da Helicoverpa armígera. Além de ter grande capacidadede adaptação aos diversos ecossistemas, a lagarta é agressiva e resistente àmaioria dos inseticidas comerciais.
Fonte: Embrapa Meio-Norte