Foi-se o tempo em que as decisõesde uma casa eram tomadas apenas pelo homem. Hoje, todos os membros da famíliatêm direito a opinar, principalmente a mulher que ganhou importante espaço nãosó em casa, mas na sociedade. Nas cooperativas, elas aparecem cada vez com maisforça para construir uma instituição com bons resultados para todos. Por isso,precisam estar capacitadas adequadamente.
No ano passado, as cooperativasCoopersulca, de Turvo, e Coopera, de Forquilhinha, desenvolveram o ProgramaMulheres Cooperativistas, promovido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem doCooperativismo de Santa Catarina (Sescoop/SC), em caráter experimental. Depoisda apresentação e aprovação dos resultados, em 2014 o programa foidisponibilizado para as cooperativas quedemonstraram o interesse em participar.
As mais novas adeptas são aCooperativa A1, com sede em Palmitos, e a Cooperativa Agroindustrial Alfa, commatriz em Chapecó. Os presidentes e coordenadores reuniram-se em Chapecó paraconhecer e debater as ações que serão desenvolvidas com o objetivo de promovera sustentabilidade das cooperativas e do cooperativismo, estimulando odesenvolvimento de atitudes, habilidades e competências necessárias à melhoratuação feminina no quadro social cooperativista.
O presidente da Cooper A1, ElioCasarin, lembrou que a cooperativa fomenta projetos voltados para as mulhereshá 15 anos pela importância e necessidade delas estarem bem informadas. “Juntocom o marido, a mulher assume a gestão da propriedade rural e também as decisões.Por isso ela tem que estar a par do que está acontecendo. Esperamos que oprograma traga questões aprofundadas sobre cooperativismo e chegue na raiz doproblema, porque na hora das dificuldades os conceitos não funcionam”,ressaltou.
Na mesma linha de pensamento,manifestou-se o presidente da Cooperalfa, Romeo Bet. “Na hora de recebermos aprodução, sempre temos problemas porque o associado não está entendendo aproposta do cooperativismo”, destacou ao citar a importância dos programas doSescoop/SC pela fundamentação que apresentam.
Nesse sentido, a coordenadora depromoção social do Sescoop/SC, Patrícia Gonçalves de Souza, enfatizou o tamanhoda responsabilidade da entidade que representa. “Vamos nos dedicar para atenderespecificamente as necessidades de cada cooperativa, já que o Programa MulheresCooperativistas visa conscientizar, preparar e organizar as mulheres paraatuarem de forma comprometida e participativa no quadro social de suascooperativas”.
O especialista em cooperativismoNey Guimarães será um dos instrutores dos módulos do programa. No encontro, emChapecó, ele citou que a mulher é educadora por vocação, mas não é reconhecidacomo tal. “O homem respeita a mulher e compartilha as situações com ela. Se amulher estiver preparada, ela pode levar os conceitos de cooperativismo paradentro de casa e assim poderá defender os reais valores”, explanou.
As atividades na Cooper A1 e naCooperalfa começarão em julho, mas o programa já está em andamento, desde o início de abril em Massaranduba (Cooperjuriti)e Blumenau (Cooper).
Como funciona o programa
Para a formação de 96 horas, cadacooperativa pode convidar até 40 mulheres associadas, esposas e filhas deassociados. O programa Mulheres Cooperativistas está estruturado em quatroetapas: preparação, lançamento, formação modular e implantação de núcleosfemininos. A etapa de formação écomposta por seis módulos de 16 horas cada e finalizada com encerramento deentrega dos certificados, totalizando uma carga horária de 98 horas. A duração média é de quatro meses, comperiodicidade de duas aulas mensais, ministradas quinzenalmente de acordo comcronograma a ser definido juntamente com a cooperativa parceira do programa.
A proposta tem como principaiseixos temáticos o cooperativismo, liderança cooperativista e protagonismofeminino, além da organização do quadro social. A metodologia tem comopressuposto a educação humanizadora com foco na convivência em grupo einteração educador-aluno, tanto nos aspectos teóricos como no desenvolvimentode atividades práticas que permitem a vivência do cooperativismo de acordo coma real necessidade e o tipo de negócio de cada cooperativa.